sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal


Este foi um Natal feliz.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Febre



Quando estou com trinta e oito graus e meio de febre fico num estado lastimoso. Todo o meu corpo treme, as pernas enfraquecem, a pele parece estalar e abrir feridas a qualquer momento, sinto-me miserável, gemo de desespero e quero mesmo morrer.

Quando chego aos trinta e nove ou passo disso, já não sofro tanto. Deliro e fico quase inconsciente.

Ainda bem que no passo anterior tive ainda lucidez de tomar banho, meter-me no carro e enfiar-me nas urgências do centro de Saúde. Esperei hora e meia para ser atendida, porque a senhora doutora precisou mesmo de ir tomar um café, e eu era a única doente e nem era urgente... pontos de vista e eu nem perguntei nada. Aliás, já à espera no consultório, estive entretida a corrigir os comunicados internos do director do centro de Saúde. Vinganças pequeninas de um corpo atormentado por uma amigdalite aguda.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Não tenho escrito.

Tenho estado terrivelmente ocupada.
Estas semanas antes do Natal comovem-me sempre, e estrafego-me entre a alegria e a melancolia.

Sempre que penso escrever só me vêm à cabeça as notícias de política e economia que vou ouvindo. Será que o conceito de competência e rigor passou de moda? É só para quem paga impostos de forma competente e rigorosa?

Não era nada nisto que eu queria escrever, mas só me apetece dizer asneiras.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Joaninha

A Joaninha já tem quatro dias e é uma bébé patusca e bem disposta. De bem com a vida.
Também eu estaria... quentinha, colinho, soninho, leitinho (bem... essa parte, não, prefiro alguma coisa mais substancial...)

domingo, 30 de novembro de 2008

Onde vivo eu???




Deixei de conhecer os lugares por onde passo. A luz ganhou uma cor que eu não conheço, difusa e brilhante, gelada.

Não me lembro de ter visto, nem nos fins de novembro nem em mais dia nenhum, tanta neve.

Obrigada pela fotografia, J.

sábado, 29 de novembro de 2008

Tanto

A Joaninha nasceu, há poucos minutos. E o meu dia, que já estava tão bom, explodiu com tanto amor.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Arellano

Tenho frio, sobretudo nas mãos. Haverá algum portátil com um sistema de aquecimento incorporado? Ou um rato quentinho?

E apetecem-me flores. Estas, de Juan de Arellano (1614-1676, Madrid).


quinta-feira, 27 de novembro de 2008


Saí da universidade, já noite, e entrei no carro. Ajeitei o banco, escolhi um cd, abri a caixa das bolachas de manteiga, a garrafa da água e uma maçã, e preparei-me para regressar a casa.

Uma hora de viagem. Sozinha, sem ter de contar como foi o meu dia, sem ter de ouvir contar como foi o dia, uma paz, um sossego. Tive tempo de pensar no que queria, no que precisava, no que me apetecia: delinear um artigo e uma conferência, pensar num jantar simpático e numa lareira acesa, e numa visita à exposição sobre o barroco lá no "cu de judas".

A minha vida tem melhorado muito... :) Estou tão agradecida que até era capaz de ser simpática.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

S. J.

Há coisas que eu gosto, há coisas que me ajudam, há coisas que me dão paz e serenidade.

http://www.jesuit.org.uk/jmi/

Sabe bem reencontrá-los no século XXI.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Já não a via há dois meses.

- Então como vão as coisas pela escola?
- Mal. Nunca me senti tão humilhada na minha vida.

Pois.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O email mais importante do meu outlook

Recebi-o hoje. É da minha mãe.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Corpos e almas

Primeiro, os factos:

Perfections, de W. Whitman
Only themselves understand themselves and the like of themselves,
As souls only understand souls.


e

Arte de Amar, de M. Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.



Depois, a minha conclusão: parece que dizem coisas diferentes, mas não, é mentira, falam do mesmo. Mas eu acho que nem corpos nem almas se entendem. É nas falhas, interstícios improváveis, e nas rupturas momentâneas da perfeição orgulhosa dos "eus", na verdade das quedas e das feridas que o encontro acontece.
Mas se quiseres estragar tudo, podes dar-lhe imediatamente foros de eternidade...

Leaves of Grass

Tenho na mão Leaves of Grass, para oferecer. E não consigo escrever uma dedicatória que console simultaneamente a minha alma e a alma de quem vai receber.

A minha alma não sabe a verdade do que quer escrever e não sabe da vontade da alma que vai ler...
Razão tinha o meu querido Bandeira: deixa que os corpos se entendam...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama


É curioso que ainda não tenha escrito sobre a vitória de Obama. Tive imensas discussões sobre a campanha eleitoral americana enquanto estive nos Estados Unidos. Em New York encontrei a mesma vontade de mudança, a cada esquina da Big Apple. Em Massachusets encontrei apoio apenas nos mais novos. Quem me conhece sabe que não sou de grandes discussões, muito menos em inglês... exalto-me quando as palavras não me vêm à boca e pareço um peixe de boca aberta. Mas ouço bem... graças a Deus. E ouvi muito, de um lado e de outro. Continuei com Obama.


Só ontem ouvi o discurso da vitória e apenas partes. Remeto para o site do Público, onde podem encontrar a tradução para português. E ganho vontade para publicar a fotografia da bandeira americana, tirada a caminho de State Island, publicação que me parecia muito improvável até há bem pouco tempo. Continuo com dúvidas em relação aos Estados Unidos e às suas políticas, mas quero acreditar que Obama possa ser diferente.


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dia 7 de Outubro

Dias cheios e completamente novaiorquinos, desde a manhã no Central Park à Guinness em Greenwich Village...













sábado, 25 de outubro de 2008

Parabéns a mim...

Esqueci-me, com mil demónios...do primeiro ano deste blogue... no dia 16 deste mês...
Onde é que eu estava?

Ainda no dia 6...

The Graduate Center e a surpresa de ver Machado de Assis.
E tantas outras, cheias de cor, cheiro, sabores.



Foi um dia... estranho.


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Desculpem...

As saudades miudinhas do Glaukie lembraram-me que nao escrevo aqui ha muito tempo (e estou com um teclado americano, sem acentos...). Era suposto ter aqui uma bela fotografia de Manhattan, ao por-do-sol, regressando de Ellis Island. Suspeito que perdi todas as fotos. Pelo menos nao consigo abrir o cd... nem quero pensar nisso.
Tirarei mais em New Hampshire: o outono estara fantastico.

Como sempre, as minhas intencoes de escrever mesmo quando estou fora nunca dao certo...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Parabéns


Hoje amanheceu tempo frio e nevoento. Depressa abriu, sempre a tempo de festejar o aniversário de uma mulher fantástica. Fiz um bolo, recheado, coberto de flores.


Mamã, muitos parabéns, minha querida.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Izzie



Olá, sou a Izzie e vou estar, a partir de quinta-feira, num corredor, num quarto, numa cozinha, numa sala, onde for, perto de si. E sou mesmo como pareço na fotografia: destemida e curiosa.
Uma gata à altura da Lichia? Acho que sim.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Olha eu!!!

VIRGEM: a Perfeccionista

Dominante em relações (então não sou??? tá-se mesmo a ver...).
Conservadora (em algumas coisas sou).
Quer ter sempre a última palavra (quando falo...).
Argumentativa (raramente vale a pena... e eu esqueço-me do segundo argumento quando vou no primeiro...).
Preocupado (continua a ser uma perda de tempo...).
Muito inteligente (é verdade :)).
Antipatiza com barulho e caos (definitivamente, completamente).
Ansiosa (até chateia...).
Trabalhadora (o meu nome é preguiça e vivo pendurada nas árvores).
Leal (até me darem motivos para não ser).
Bonito (o sorriso ajuda muito).
Fácil de falar (como??? eu???...).
Difícil de agradar (nãaa... vou em cada cantiga!!!).
Severa (e estúpida também...).
Prática e muito exigente (com quem???).
Frequentemente tímido (às vezes é mesmo "não me interessa", "quero lá saber").
Pessimista (já não consigo ser... agora tudo o que vier é peixe e do bom...)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A princesa ervilhinha


Passear com a Nikita continua a ser uma redescoberta constante. Tento seguir-lhe o ritmo. Ela corre pelos caminhos, depois pára, senta-se na terra, nas ervas, nos muros, apanha pedras, formigas, flores e folhas, aponta árvores, pássaros e ovelhas, enquanto ri de satisfação e fala aquele ronronar dos anjos que me comove até ao mais fundinho do coração.

Ver o mundo pelos olhos de uma menina com um ano e alguns meses, alegrar-me porque ela se alegra, apertar-se-me o coração quando sinto alguma sombra mais perto dela... é estar tão perto da vida na sua forma mais simples, mais original, mais bela.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fragmentos do discurso amoroso



Conheço bem o poder das palavras. Já o experimentei talvez vezes demais e sei como pode levar-nos longe. Na verdade, não acredito nelas... mas sinto-lhes a falta. Se uma realidade não é descrita, se um sentimento não é nomeado, existem mesmo assim?

Por muito que eu queira ser lúcida, preciso da ficção construída pelo discurso, mesmo que seja uma teia em que me venha a enredar sozinha. A verdade é que sei muito bem quando hei-de ficar calada e quando vale a pena ser expansiva. Não sei é pôr palavras na boca de ninguém sem passar para o domínio do fingimento. E sinto-me profundamente desiludida por causa disso.


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tenderness



Who is she? I only remember the sweetness.

Preciso urgentemente de mudar o epicentro da minha vida em caracol.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


O amor é excessivo. Não tem nada de moderação, de equilíbrio, nada.

É por isso que amamos alguém, que amamos as pessoas que nos rodeiam, que nos rodeamos de coisas de que gostamos, que temos animais de estimação de que cuidamos.

É para projectar esse excesso e torná-lo a mais bela coisa útil. Ficar fechado no amor que somos capazes de gerar mata-nos, afoga-nos. Como a minha buganvília dourada que plantei no antigo vaso de barro da minha avó e que apodreceu, afogada na água com que abundantemente a reguei e lhe choveu e que não tinha por onde escoar.

Amemos, pois. Nem que seja pela sanidade mental. De qualquer forma, nesta altura da vida, mais vale sofrer alguma coisa que se veja do que rastejar pelos muros à procura de uma segurança saloia. Nem acredito que escrevi isto...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008


Conheço muito bem a "minha" ansiedade, os sinais menos óbvios e os mais presentes também. E não gosto nada de senti-la tão perto, a rondar os meus dias, a envenenar as horas de sono, a enrodilhar o pensamento e a esfarrapar as emoções, a torcer o corpo.
Que venha e que vá embora. Desta vez não hei-de desviar-me um milímetro que seja das arestas que vai aguçando contra mim. Desta vez tenho o sol, a serra, as matas, sorrisos quentes e abraços demorados, viagens e escritas. Desta vez as minhas mãos estão livres e farão eco.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sigur Rós

Hvarf/Heim (2007)




Ou tudo o que a nostalgia pode fazer por ti. Mesmo que seja só apertar-te o coração, tanto. Mesmo não sabendo por quê.

Têm pouco sol na Islândia, com certeza. Sei lá...

And so it is



The Blower's Daughter
Damien Rice.
http://www.youtube.com/watch?v=UHPTHP4dihA

I can't take my mind off you, most of the time.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sozinho, do Caetano

(que diabo... quando é que eu vou aprender a colocar vídeo aqui???)

É... tou deixando você muito solto... muito solto mesmo... mas é para ver se você nota e volta logo.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Depois de ontem




Hoje é segunda-feira.
Só pode ser segunda-feira.
O céu nublou-se, o tempo ficou mais fresco.

Acordei muito cedo a pensar em tudo e mais alguma coisa.
Hoje tenho mais certezas mas tenho menos tempo.


domingo, 31 de agosto de 2008

I've a story, my story


Tens tempo? Tenho uma longa história para te contar, uma narrativa onde os enredos se cruzam, acertam e perdem o norte logo a seguir. All of these lines across my face, mais marcadas a cada dia que passa, tell you the story of who I am, so many stories of where I've been and how I got to where I am.

Dizes que tenho os gestos pausados, a voz baixa, o andar seguro e umas mãos que tocam com vontade e calor. E histórias para te contar quando caem com a calma as aves. But these stories don't mean anything when you've got no one to tell them to it's true... I was made for you. Just lies, you know?

Really I was made for no one. Ninguém é. Às vezes criamos uma metadiegese onde construímos uma vida e corremos o maior risco do mundo quando entregamos o protagonismo a um amador que só faz asneiras. Não conhece o enredo em que desenhamos um final feliz e faz-nos tropeçar no palco e aterrar bruscamente na plateia, voltando à narrativa de base que sempre foi ... a única. Mas nem sempre sabemos o argumento, nem decorámos as deixas certas que conduziriam ao fogo de artíficio no fim. Às vezes é preciso chegar à conclusão certa: como argumentistas somos um nojo... e depois do clímax resta a cinza porque as nossas histórias não terminam 120 minutos depois da primeira imagem na tela.

Now, in this story you make me feel like a million bucks... quando deixar de ser assim, haveremos de dizê-lo um ao outro, gentilmente, e fechar as cortinas de mais um acto, sem tragédias. Just stories.


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Santa Bárbara



Gosto de pensar num lugar assim, onde o céu conturbado contrasta com a luz doce sobre a palha seca e a pedra quente das colunas. Gosto de lembrar como os meus beijos sabiam a uma vontade urgente, quando o simples tocar da tua mão me acendia e soltava sedes e fontes adormecidas. Mas, naquele alpendre, no fim da tarde, ter-me-ia encostado mansamente no teu peito, tecendo cantigas de rola dentro de mim.
Pedindo apenas mais tempo de uma perfeição tão fundamente sentida quanto efémera.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

VIP every day

Mas importante, mesmo importante, é este post da Alex, o elogio da soneca: http://alexilr-realgana.blogspot.com/

Minha amiga, eu sabia que havia razões para uma coisa tão simples fazer tão bem.

Sei lá o que é rotina...

Levei imenso tempo a definir os meus próximos meses. De repente vejo tudo em pantanas e a precisar de ser reorganizado.

Por que é que eu não tenho uma vida igual à dos outros?

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

So Cold the Night



Decididamente, desde os anos 80 que eu não ouvia os Communards.

A banda dissolveu-se em 1988, Jimmy Somerville iniciou uma carreira a solo e Coles tornou-se religioso e é padre da igreja anglicana... a sério?...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Também tenho lugar para isso

Há pessoas e coisas que eu verdadeiramente detesto. Visceralmente. Suponho que seja uma conquista de estado e de idade.

Preferia que me fossem indiferentes. Mas era preciso não tê-las amado. Era preciso não ter vivido. Era preciso não ter sido nada do que fui. Era preciso negar-me e odiar-me.

Pró diabo. Prefiro assim como está.

Vou, sim, senhora, e depressinha...


Vanessa Fernandes versus Ema Snowsill ou aquele abraço no final ou o que os Jogos Olímpicos têm de melhor.

Ainda não consegui a foto perfeita, mas este spot é perfeito! Obrigada, Berê!
http://ocantardospirililampos.blogspot.com/

A ver o tempo passar

Há dias assim. Há dias em que os neurónios tiram férias e sinto-lhes o peso derramado pelo meu corpo abaixo. Nestes dias não consigo articular um pensamento decente, uma ideia que seja sobre os trabalhos que se avolumam na secretária.

Nestes dias é melhor esquecer e sentir apenas. Abraçar com força e sorrir, adormecer no sofá, comer duas fatias enormes de chiffon de chocolate, mergulhar cinco metros de profundidade de água gelada, até sentir o corpo ficar sem ar e a vida tremer, fazer uma sopa de legumes entre um queijo fresco e um copo de vinho, e perder-me nuns olhos doces.

Hoje, agora mesmo, abano a cabeça, ainda entorpecida num dolce far niente.
Acorda, menina.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008



Será que o iate que cruzava o Mediterrâneo em 1712, avistado pela Loureto, onde viajava o marquês de Fontes, era assim?

http://yachts.monacoeye.com/yachtsbysize/pages/maltesefalcon01.html

Decisões

Hoje recebi um bom conselho: não tomes grandes decisões em momentos de raiva, de rancor e de ódio.

Concordo. Estados extremos não favorecem decisões acertadas. Assim, acrescento: não tomes decisões em momentos de grande euforia... tenho-me ficado por ir à loja mais próxima e comprar uma roupita; ainda não dei conta que fizesse mal a ninguém por isso, nem modificou em muito os meus dias... e saí bem mais gira à rua. O que na "terrinha" faz sempre um grande efeito...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Santa terrinha

Há agora um spot que fala do "ir à terra", "ao mercado", ou qualquer coisa assim.

Dou comigo a sorrir. Do meu canto do mundo adoro ver os parolos da cidade chegarem "à terra". Preferia era que fizessem menos barulho... é que eu não estou de férias e preciso de trabalhar, mesmo.

Estou a ficar uma snob dum raio... :)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sweet things




Até que enfim que o rosmaninho
é uma flor.
Alexandre O'Neill

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Work in progress

As ruínas serão para sempre destroços condenados pelo tempo a perderem-se na memória.

Contudo, por entre as pedras amontoadas a esmo, vejo plantas que renascem, procurando as sombras, enredando-se nos troncos antigos.

As minhas ruínas transformam-se, ganham novos contornos, acendem-se na boca da noite. Subitamente tornam-se o lugar mais perfeito do mundo, o da minha história.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sunshine reggae

Quase um mês sem escrever. Tempo de mais sem escrita, eu sei. Mas foi o tempo necessário para acertar pontos e iniciar nova etapa. Não volto com muitas horas livres, é verdade. Mas volto com vontade de estar bem. Para quê pedir mais?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Nos dias de trovoada


Não permitirá que resvale o meu pé
O meu guardião não dorme.

Não dorme nem repousa
O guardião de Israel.
Não dorme nem repousa
O meu guardião.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Just by me...



Porque a beleza ensina aos meus dias a forma distinta de cada amanhecer.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O retrato de Europa

Tens mesmo ar de raptada, não tem??? É uma das interpretações que mais gosto: o touro níveo e feliz, de olhos bovinos apaixonados e rabo ondulante, e a donzela clássica de férias, apanhando sol pela manhã, nas praias do Mediterrâneo. Quem terá tirado a foto? Cupido?


O rapto de Europa
, Matisse

terça-feira, 10 de junho de 2008

O rapto de Europa




Não escrevo, mas vou vendo.
Otro rapto de Europa, 2004
Alfredo Sosabravo (Cuba, 1930)

hoje... não quero saber de nada, amanhã logo se vê...

Ando num estado de perplexidade. E assim não consigo escrever.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ser feliz, Génio, as três vezes

Foi a Isabel que me enviou agorinha mesmo este texto da autoria de João Pereira Coutinho.


"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição. Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!”


Não concordo com tudo. Primeira observação: o "antes", em que tudo dependia do ponto de partida, alimentou uma estratificação social absolutamente injusta e preconceituosa; "quando a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar" não representa um tempo ideal, longe disso. Assim, apesar de a "meritocracia" poder gerar "uma insatisfação insaciável", sempre será melhor do que a alternativa anterior. O percurso marcará a diferença.
Segunda observação: não há pau sem dois bicos. Tenho ouvido conversas de mãezinhas sobre as geniais faculdades de seus filhos, sobre as expectativas em que se auto-projectam e revivem, que me deixam muitas dúvidas. E conheço alguns casos em que a pressão sobre os miúdos foi tanta que deu muito mau resultado. A excelência, como muitos pais se esquecem, resulta de um conjunto vasto de capacidades, onde merece lugar de destaque o saber tomar opções, o respeito, a lucidez, o saber viver com os erros e as imperfeições.
São apenas reflexões que me ocorrem assim de repente. É óbvio que esta conversa não está esgotada.

domingo, 1 de junho de 2008

Nikita

Só depois de tomar café, quando a D. Fernanda trouxe chupa-chupas para os meninos, me lembrei que era o Dia da Criança. Para quem acordou às sete da manhã a pensar que era segunda-feira, ser domingo já era bom o suficiente. O dia foi melhorando significativamente!


Mas foi o teu riso, leve como os pardalitos que me pousam no pátio, Nikita, que me encheu o dia. Fazes a minha vida mais feliz. Será que algum dia vais saber disso?


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Banho escocês


Costumo pensar no amor como uma coisa séria, definindo-o como um sentimento profundo que prende duas pessoas uma à outra, reflectindo-se numa relação de cumplicidade e na construção de um projecto comum, venha ele a ser longo ou mais breve do que se pensava… mas esta coisa da duração do amor ou da sua finitude já é outra discussão.

Por isso entre o amor e o continente em que vivo há um mar imenso de desconfiança e de indisponibilidade. Já o desejo… esse mora ao lado. Existe ou não existe, ponto final. Se dura ou não dura? Quero lá saber. Bastam-me dois segundos dos teus olhos quando chego. O resto do meu dia e da minha vida não depende disso.

Por isso se torna impaciente, intolerante, egoísta, amuado, vingativo, teimoso... só virtudes! que aguento apenas dois segundos, o tempo em que pousas os olhos quando eu entro.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Quinque sensuum figurae




Tenho os sentidos escondidos, à espera, como lobos que vigiam o rebanho.

À espera que o tempo aqueça.
Que as tílias fiquem em flor.
Que a tua boca murmure o meu nome.
Que mais nada exista no teu pensamento senão eu.

Tão escondidos. Não darás por eles.
Procura.


Théâtre d'Amour
, fol. 109.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sonata em Fá menor

Rembrandt, As Três Árvores, 1643

Procura cada qual, por seu próprio caminho, a graça, seja ela o que for, uma simples paisagem com algum céu por cima, uma hora do dia ou da noite, duas árvores, três se forem as de Rembrandt, um murmúrio, sem sabermos se com isto se fecha o caminho ou finalmente se abre, e para onde, para outra paisagem, ou hora, ou árvore, ou murmúrio (...).


Porque sinto o coração mais apertado quando penso nas mãos exactas e tranquilas de Domenico Scarlatti?


Memorial do Convento
, XV.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Revisitação

A leitura contínua e repetida do Memorial do Convento a que me tenho submetido no último mês tem-me feito pensar muito.

Estou a ver D. João V esparramado na alcatifa a montar as peças da basílica de S. Pedro com ideias a nascerem-lhe em catadupa. Por acaso conheço o processo. Eu própria gosto de puzzles e tenho sempre um bloco de apontamentos ao lado para registar as melhores. Adiante. Estou então a ver D. João V a pôr peças em cima de peças, ou mandar os criados fazê-lo, se também mandou meio reino para Mafra... ou, mais tarde, a ver os filhotes de D. Maria Ana Josefa, com cara de percevejo, os filhos, não a rainha, coitada, que praticamente pariu também um mosteiro, a entreteter a corte empoada, dourada e pintada de carmesim.
Era um rei fadado para ser arquitecto, o nosso D. João V. Se não fosse Ludovice teríamos outra basílica de S. Pedro em Mafra, uma maravilha de fazer inveja ao Papa. Aquilo é que foi fazer frades, que de treze para trezentos é muita vocação mendicante arregimentada. Era um rei com sentido de estado. Era um rei que era o estado, ponto final. Para onde iam o ouro, as pedras preciosas, os diamantes, de Cerro Frio, da Bahia, de Minas? A culpa foi de quem não perguntou. Pelo menos não se fala nisso. Fala-se em autos de fé, mas não de perguntas incómodas ao rei que tinha o rei na barriga.
D. João V, aos vinte e dois anos, brincava com legos, e prometia conventos para ter filhos, para não morrer de doença, porque lhe apetecia.

Por favor, há sempre uma razão para tudo; revistem a casa do Sr. Engenheiro José Sócrates. Pode ser que encontrem um compartimento com pistas de carros e carris de comboio, com pontes e túneis, árvores, rios, ovelhas, casas, com todas aquelas coisas com que os meus sobrinhos gostam de brincar.

Monsieur Hulot





Os meninos gostam de Jacques Tati: Jour de Fête (1949), Mon Oncle (1958) e, este domingo, antes do jogo da taça, Les vacances de Monsieur Hulot (1953). Reconhecem rapidamente o protagonista, Monsieur Hulot, com os seus enormes pés de fora, de desencontrada andadura.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Bartolomeu Lourenço de Gusmão & Domenico Scarlatti



Como se mostram variadas as mãos do homem, são de som as minhas, Fala das mãos, Falo das obras, tão cedo nascem logo morrem, Fala das obras, Falo das mãos, que seria delas se lhes faltasse a memória e o papel em que as escrevo, Fala das mãos, falo das obras.
nada digo,

Parece apenas um gracioso jogo de palavras, um brincar com os sentidos que elas têm, como nesta época se usa, sem que extremamente importe o entendimento ou propositadamente o escurecendo.
nada comento, sorrio.


Memorial do Convento, XIV.

sábado, 17 de maio de 2008

Blood Simple




Há filmes surpreendentes.

Há filmes que me deixam absolutamente desesperada, com vontade de entrar cena adentro e dizer ao protagonista que está a fazer tudo errado.

Blood Simple (EUA, 1985), realizado por Joel e Ethan Coen, faz-me ligar imensas pontas soltas.
Em primeiro lugar pensei logo no João e em tudo o que temos falado sobre o filme neo-noir. Sou boa ouvinte. Depois, o meu cérebro deu voltas à procura de Frances MacDormand e com alguma rapidez chegou a Fargo e a Marge Gunderson. Os Coen deixam marcas.
Depois parei em John Getz, bela figura de homem, e só hoje percebi porque não o reconhecia... caramba, já passaram mais de 20 anos. É curioso que a passagem do tempo não seja tão visível em MacDormand. Ou até é.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Cinco sentidos II



Ainda não descobri a forma de substituir o tempo ou apagar a memória. Mas já me fizeram "sentir" que não é preciso. Os sentidos não têm lugar, nem tempo, nem pessoa; são apenas flexionados em grau: sentir, sentir bastante, muito, demasiado, êxtase, transfiguração.

Há lições que dão gosto.


Alegoria dos cinco sentidos, Lairesse, 1668.

Cinco sentidos I



De ti já só tenho memória.
Memória do tempo em que todo te sentia.


Alegoria dos cinco sentidos
, Stosskopf, 1633.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Chuva



Chuva furiosa.
Tão furiosa que me apetece uma caneca de chá e uma lareira acesa. E um beijo, dois beijos... da mi basia mille, deinde centum, dein mille altera, dein secunda centum, deinde usque altera mille, deinde centum, dein, cum multa milia fecerimus, conturbabimus illa, ne sciamus aut ne quis malus invidere possit (Cat. car. 5).


Até três de Junho do ano passado havia um blogue todinho em latim... e demorei dois segundos a encontrar o poema... às vezes o google assusta-me.


Ok, fui ver melhor o tal magno clamore... só teve três entradas. Percebe-se. Eu própria também ficaria derreada com o esforço. :)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Crónicas do Mosteiro III




São 8.30 da manhã em S. Cristóvão. O Pedro chegou do Porto só hoje de manhã e sentou-se ao meu lado para tomar um café antes de começarmos os trabalhos. Comentámos a excelente recuperação do espaço, um mosteiro de Cister.

Há casas com sorte, disse ele, a tua também teve sorte, Ciranda. Sorri da analogia desproporcionada. Do outro lado da mesa, ajuntou o arquitecto: pelo menos há uma soror no teu mosteiro! Imagino as solicitações na grade...

Dois dias, inter pares.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Katie Melua

If the lights go out

They say the world must end somehow,
They say the end’s not far from now;
I think they’re wrong,
Don’t worry your life away,
Start living for today,
Don’t think about tomorrow.

And if the lights go out on all of us,
In just a year or two.
And if the sky falls down like pouring rain,
Then I’ll be here with you.
I’ll go down with you.
(...)

Para o João.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A minha Photo é smart e express!!!

Tenho a minha impressora há mais de dez meses mas continua a proporcionar-me as melhores surpresas. Por exemplo, há dois meses descobri que tinha uma peça que se desencaixava para acolher as folhas impressas e hoje vi que essa peça tinha uma pequena pala que se levantava e que prendia as folhas no sítio.

Fiquei feliz. Já não tenho de me debruçar para apanhar as folhas espalhadas pelo chão, nem tirar as rodas da cadeira de cima delas. A bem dizer, a minha vida neste escritório era um martírio. Agora está um céu: a impressora a fazer o seu trabalho de forma ordeira e eu sossegada, a continuar o trabalho no computador, sem se ouvirem berros e exclamações, tipo filha da mãe, precisavas de mandar as folhas com tanta força cá para fora... imprime mais devagar, se faz favor... isto, na folha, é a marca de quê???

É uma paz.

Um rebuçado para quem souber do que estou a falar!

Um amigo meu enviou-me. Ainda tenho de lhe perguntar como lhe chegou isto às mãos. Mas o spot está lindo. Repito o título do post: um rebuçado para quem souber do que estou a falar!!!

Vejam a pista em:
http://br.youtube.com/watch?v=231sb6yVANI

Sadness

Fala-me da tristeza.

Quando a sala fica vazia e o palco se recolhe à solidão, desaparecida a turbulência do corpo e da voz, é tristeza que eu quero que murmures na minha pele.

Espera um pouco, meu amor. Eu já não demoro no sorriso e no beijo. Agora preciso de estar quieta, silenciosa, fechada, deixando que o presente se afaste devagarinho das memórias em que queria diluir-se.

domingo, 4 de maio de 2008

Atenção

Depois de passar no Pensar Viseu & Perspectivas, fui directamente ao Público: "Quem ajudava já precisa de ajuda".
É importante ficar atenta.
N'A Origem das Espécies, FJV chama a atenção para um artigo "fundamental" de José Pacheco Pereira, no Público.

Eu não estou desempregada, mas sei que posso vir a estar e sei de muita gente que está. E também sei de muitos outros que não têm a mínima noção da realidade que se está a viver. Mesmo. A começar pelos políticos. Mas não só.

Sei muito bem de que fala José Pacheco Pereira. Já agora, perguntem ao governo para quê tanta estrada, auto-estrada e pqp, com portagens e tudo, se qualquer dia, com o preço dos combustíveis a chegar a valores impensáveis, ninguém anda de carro. Razão têm a a TVI e a SIC... as novelas, sejam da Globo sejam de produção nacional, enquadram-se muito bem neste contexto de crise.
E... por hoje chega.

Pasárgada aos 5 anos

Ó filho, já não posso contigo ao colo. Estás cada vez mais crescido.

Pois, já cresci muito. Sabes, mamã, nós nascemos, crescemos e morremos.
Eu gostava de viver num país onde não morresse.


E eu gostava de viver num país onde pudéssemos morrer de vez em quando, meu querido.

Dia da Mãe



Tirou do açafate uma rosa e deu-ma com um sorriso. Aceitei a flor e abracei-a.
As intenções, a minha e a dela, eram boas.

sábado, 3 de maio de 2008

Mundo Perfeito

Acompanho vários blogues, mas uns mais do que outros. É o caso d'O Mundo Perfeito, que tem textos como este.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Maio


Maio
Foi sempre o tempo de todas as promessas.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Blade Runner

Não está no meu perfil, mas gosto de Ridley Scott, da saga Alien, e sobretudo de Blade Runner, que nunca vi no cinema.
E não sei quando poderei ver, porque o final cut só está disponível numa sala de Lisboa. Estou disposta a bater em quem me disser que já viu.




Já passava do meio-dia e estava quente. Peguei no meu reboludinho lindo e levei-o ao colo até ao fundo do jardim. Ouve, Jaime, ouve… Esquece um bocadinho o baloiço, os manos e as tias e escuta. Lá ao fundo, na mata. Ouves? Tenta ouvir com atenção. Consegues ouvir? Primeiro pareceu não se interessar, depois ficou sério e atento ao perceber aquele eco, quase mágico. Foi a primeira vez que o pequeno Jaime ouviu e soube que havia um velho cuco que cantava na mata do vale.


Sabias, Jaiminho, que o cuco e o teu coração têm o mesmo ritmo? Ainda sinto a cadência certa dentro de mim.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Tinhas nos olhos a paixão...

Ontem trocámos vinte emails, vinte olás, vinte beijos... e outros tantos equívocos. Já não me espanta. Não devemos dispensar o olhar nem a voz que sempre tornam mais claros os sentidos das palavras, desenhando ironias, desejos, impaciência e tédio ou simples constatação.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Último ídolo: a riqueza

Alegoria da Riqueza, Simon Vouet, 1633, Louvre.


“Sabes, ó homem, quando farás tesouro da riqueza? Quando a pise teu desprezo como terra, quando a arroje teu desinteresse como lodo, quando a olhe teu conhecimento como nada. (…) Se com as potências da tua alma te podes fazer rico de eternidade para que com tuas diligências te queres fazer dourado de instantes? Se tens em ti cabedal para comprar o Céu, para que buscas cabedal que hás de deixar na terra, arriscando-te a que te falte pela peregrinação a pátria.”

Enganos do Bosque, 1741: 88-89.


domingo, 27 de abril de 2008

Desenganos



Ilustre Peregrina, que ilustre é toda a que segue esta via pois nela perpetua a nobreza da alma que não tem fim, não desperdices tesouros, que mais que nas pérolas que derramas perdes no sofrimento que arriscas. Não há amar sem padecer. O primeiro toque que dá o amor é uma seta que atira e uma ferida que deixa, e à causa hão-de corresponder os efeitos. O amor foi favor, o sofrer é obrigação. Amor sem pena é amor de meninos que amam o seu mimo. Amor de tribulações é amor de grandes, que amam os seus trabalhos e não os seus interesses, e este é o que se chama amor.


Enganos do Bosque
, 1741: 145.






Gosto de rosas.
Gosto das minhas flores e das minhas plantas.
Gosto do meu átrio.
Gosto do sol do fim da tarde.
Gosto desta paz e desta tranquilidade.

Dia do Livro III




Às vezes até tenho jeito com os miúdos...



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Isto preocupa-me muito

Este artigo de Carlos Fiolhais deixou-me muito inquieta. Se estamos em crise, que chamaremos ao que poderá acontecer mais tarde?

http://dererummundi.blogspot.com/2008/04/separar-o-trigo-do-diesel.html

Hoje

Há trinta e quatro anos eu era muito menina. Por isso sinto mais, hoje, não a revolução que houve, mas a revolução a haver, todos os dias.

Agostinho da Silva escreveu assim:

A quem faz pão ou poema
Só se muda o jeito à mão
e não o tema.

Quem fez a revolução de Abril de 74 fará também esta, mais subtil, com menos cravos e menos armas? Já não há um lobo mau, a revolução não é tão evidente e os cordeiros do rebanho dividem-se. Onde estamos?

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Celebração

Poesia e canto de Intervenção.
Mais logo, pelas 21h. E eu vou cantar...


Hoje o Diogo falou sobre a Liberdade como valor inalienável do ser humano. E falou bem, muito bem. Mas pensei na conversa que tive ontem com um conhecido, no café: sacrificava bem a liberdade por um ordenado ao fim do mês, desempregado há já algum tempo e com filhos a estudar.
"No 25 de Abril de 74 eu era novo e envolvi-me muito. Nestes dias escuros, tudo parece tão longe."

Dia do Livro II

Comprei uma casa por causa dos livros. Eu posso ser cigana, mas eles não têm culpa disso. Levo um e outro a passear todos os dias.

Dia do Livro

O meu dia do livro está adiado para amanhã. Vou estar na feira do livro.

De qualquer forma, três livros para ler e consultar, logo que os compre :)!

Pepetela, O quase fim do mundo;
Carlos Ruiz Zafón: vi o novo livro na Fnac, mas não me lembro do título; se for tão bom como a Sombra do vento serei uma mulher feliz durante horas;
Aprender a jardinar, com a oferta de um pequeno volume "Vasos" (é uma arte...).

terça-feira, 22 de abril de 2008

Dia da Terra




La terre est bleue comme une orange ...

Paul Eluard.


Daniel Blaufuks tem um trabalho com este título, mas não encontrei imagens disponíveis. Paciência. Esta laranja veio daqui.






segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eu bem tentei ser rápida...



Quando visito as casas dos meus amigos, é frequente encontrar motivos para novas entradas no meu blogue, porque me fazem reflectir, porque tenho experiências parecidas ou diferentes, ou porque me apetece.


Hoje, esta foto do tubarãozito lembrou-me os esquilos do Laziensky Park e o meu desespero fotográfico:

Por acaso apanhei este, a tremelicar, mas também tenho fotos só com uma pata, um focinho ou uma cauda a fugir no canto direito...


Pasión, quarto tema.

Não confundas a memória com a vontade presente. A não ser que queiras começar a limpar as teias da ruína em que o teu coração inevitavelmente se transformará.




E se hoje ouvires mais alguma coisa para além de Rodrigo Leão, Dead can Dance ou Chopin, também já seria um grande avanço. Eu sei que já está a chover há dias, mas não te vais dissolver se saíres de casa.


domingo, 20 de abril de 2008

Aulas, conferência, exposição, Fnac, hipermercado, concerto

Ia escrever sobre a minha última sexta-feira mas já desisti. Foi um dia demasiado cheio e complicado e passei o fim-de-semana a recuperar. A próxima é o 25 de Abril; já estou mais descansada.

sábado, 19 de abril de 2008

Paz

O que mudaria nas vossas vidas se fosse mesmo confirmada a inevitabilidade do fim do mundo para daqui a quatro anos? pergunta o Sharkinho.

Seriam os quatro anos com menos stress da minha vida. Quase que sonho com isso. De qualquer forma sempre pode acontececer o fim do meu mundo, não é?

Ministra de todas as famílias


É linda, quanto a isso não tenho dúvida.



sexta-feira, 18 de abril de 2008

Juro

Juro que nunca mais! Nunca mais direi com ar insuportavelmente superior:
- Como disse? Faltou-lhe tinta na impressora? E a senhora, que supostamente está a fazer um trabalho sério e rigoroso, não cuida de ter um cartucho substituto à mão? Acho isso uma tremenda irresponsabilidade que, com toda a certeza, a penalizará na sua nota final.
Querida Berê, ainda bem que acordaste.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Anita e o seu aniversário

Pois, fazes quatro aninhos, pequenita! Um abraço, sem ser muito apertado, que tu escapas como uma enguia dos meus braços.

Artes da ficção

"Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar. Conheceu todos os caminhos do pó e da lama, a branda areia, a pedra aguda, tantas vezes a geada rangente e assassina, dois nevões de que só saiu viva porque ainda não queria morrer."
Memorial do Convento

Só uma coisa me consola, já Kant o disse há dois séculos, que a felicidade não é um ideal da razão mas sim da imaginação. Vale o mesmo para o amor de Blimunda Sete-Luas e de Baltasar Sete-Sóis, que flutua na intemporalidade da ficção, como as vontades que ergueram a passarola.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Por que é que não jogam sempre assim???

Um post sobre futebol??? Não... não sou eu, com certeza.

Mas liguei a televisão só para ver se acabavam zero a zero. Quem estava a zero era o Sporting, contra dois do Benfica. E fui ficando... com muito gosto.

Podia uma vez, pelo menos, acabar bem...

A história da minha vida é uma tragicomédia.

Não percebo bem por que é que ainda acho que podia dar uma comédia romântica.

Torres, de Babel e outras


Vencedor do World Press Cartoon: Rainer Ehrt, Brussels Tower.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Que dia!



Como é que eu consigo trabalhar num dia assim???
Com notícias assim?
Com alegrias assim?
Com desalentos assim?
Só há uma forma, no meu pátio, com a luz coada do sol ao fim da tarde, e ouvindo "o meu céu está mais azul, eu sinto...".


segunda-feira, 14 de abril de 2008

Outlook

Minuto a minuto, talvez segundos, algumas vezes.
Não faças isso, Ciranda.
A tua vontade, já devias saber isso, não move mundos nem dedos no teclado.

Cello

Cliquem, por favor, no link e experimentem. Eu arranhei o arco, parti as cordas, dei cabo do violoncelo e afastei de vez o auditório. Desejo-lhes melhor sorte e mais jeito!!!

http://philharmoniker.web-feedback.de/index.asp

E não é uma boa pergunta?


Tia, na tua televisão o Charlot dá a cores?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Youtube and MySpace

Victoria Lindsay, 16 anos, Lakeland, Florida.

Foi na quarta-feira que vi o vídeo na RTP e tenho acompanhado as notícias. Mas não consigo voltar a ver as imagens. Há um grau de brutalidade que me parece inconcebível. Podia tecer comentários emotivos e moralistas, mas acho que nem vou por aí.

De repente lembrei-me da Micas e tive medo.
Que vida para Victoria Lindsay, depois disto?

Chama-se Emília

Ontem consegui tirar a Emília de casa. Fomos passear um pouco, fazer umas compras e lanchar. Ela não queria, mas insisti.

A Emília vê novelas praticamente o dia inteiro. Acho que só não as segue de manhã. Mas, depois do almoço, tem a televisão sempre ligada. Vai passando a ferro, cuidando das coisas, mas sempre mais atenta às histórias.

Então, Emília, também há vida fora da televisão, vamos sair, vamos. Eu sei que há vida, mas não é assim, como na televisão. Aqui, nunca sei quem são os maus ou quem são os bons, que tudo se esconde, prefiro as novelas que me contam tudo.
Mas eu sei qual é a principal razão do seu gosto, porque já vi a Emília chorar com os beijos, com os amores e as ternuras dos seus favoritos. É como se aquele “amo-te” fosse para ela, como se aquele abraço lhe envolvesse o corpo, como se aqueles dramas, aquelas heroicidades, fossem dela também.

Diríamos que a Emília não tem vida e toma para ela as vidas das novelas. Mas eu já não sei.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A renúncia é impossível porque a esperança é sagrada

Foi no Origem das Espécies que tomei conhecimento da polémica com o José Eduardo Agualusa, por causa do (des)mérito literário de Agostinho Neto. E daí segui-lhe o rasto, por outros blogues e documentos.

Não me apetecia nada voltar à Sagrada Esperança e à Renúncia Impossível, textos de fundação da literatura angolana, maus alguns, muito melhores outros. Mas o problema não está aí, na sua efectiva qualidade literária ou na falta dela, nem sequer na sua afirmação ou negação por quem quer que seja, como é óbvio.

A falta de bom senso pode ser muito perigosa, além do terrível efeito pouco estético do ridículo.

Crónicas do mosteiro

Levantei-me ainda com os olhos fechados e o espírito adormecido. Segui pelo claustro. A noite nunca é completamente noite, mas não foi o branco dos lírios que me acordou de vez; foi o cheiro do jasmim, intenso, subindo pelas colunas, que me encheu o peito. Vesti a cogula e entrei no coro.
No silêncio das sombras, as velas eram cânticos acesos. Ajoelhei, recolhida nesta emoção que me atinge todos os dias. Deixarei o mosteiro no dia em que não sentir este nó na garganta ou este calor que transborda nos olhos molhados.
Levantei-me para entoar o ofício da noite e afastei o véu que discretamente me escondia, agora serena, tranquila.

Nós somos criativos!

- leste o conto?
- li.
- fizeste anotações? dá cá, deixa-me ver.
- não está inteiro, falta-lhe a protagonista.
- falta-lhe o quê???
- matei-a, era chata, faz outra... e limpa essas manchas.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Matthew McConaughey

Para além da idade, temos outras afinidades. Deixem-lhe crescer um pouco mais a barba, ponham-lhe um mico dourado no ombro direito... e... olá, Santiago, que bom ver-te!

Cape Cod



Preparando viagens e sonhando: Thousand Islands. Ou lembrando as férias no Cape Cod, ali no canto, Falmouth. Ou como eu era miúda e tola. Tenho um diário arrumado algures. Não posso tê-lo perdido...

http://www.letrasemlisboa.blogspot.com/

Curioso. Muito curioso. Por acaso, mesmo por acaso, estive no encontro de há dois anos, em Ouro Preto. Enquanto arrastava a minha Carlota Joaquina ladeira acima, ladeira abaixo.

Carlotinha, lembras-te dos últimos 15m na recepção do hotel? O momento já tem nome, revisitado, "A paixão mora ao lado".

Fragilidades

Foi daquelas coincidências em que reparamos e a que tentamos dar sentido: no mesmo dia, em conversa, no livro que agora me ocupa, numa série da televisão, se afirmou que o amor era frágil.

Demasiado frágil. Tão frágil que não entendo como tomamos opções tendo a sua fragilidade como fundamento. Nunca o amor me serviu para coisa nenhuma ou de préstimo que fosse.

Por si mesmo, o amor vale muito pouco. Mas torna-se grandioso e fonte de imensa felicidade em circunstâncias determinadas. No sábado à noite, por exemplo. Não queria estar em mais lado nenhum. Um amor tranquilo, aquele, feito de certezas, sorrisos e cumplicidade. Um projecto onde vidas distintas se encontram e se reconhecem, em plena igualdade, transparentes.
Antes que chovesse, apanhei uma braçada de lilases. Agora tenho a primavera dentro de casa.



O mundo da minha janela


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dias de sol e de memória


Faz três anos que faleceu João Paulo II. Dia de memória.

A Nikita faz um ano de vida. Dia de sol.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Leve, leve, que a noite vai adiantada...


E eu quero ter sonhos de borboleta.

Crónicas do mosteiro

Está frio. Sentei-me nos degraus do claustro junto da fonte. Rezámos a sexta antes da refeição, ainda há pouco tempo. Na sala do capítulo a respiração prende-se, parece que gela ao sair da garganta, e na igreja os salmos e os hinos não passam da grade, tobando pelo chão empedrado. Demorei o olhar na Virgem e no Menino, mas emoreci na oração e no alento.
Gostava que hoje fosse dia de fornada de queijinhos d'ouro para a condessa, que os encomenda às dúzias. Pelo menos haveria forno aceso. Tenho pouco tempo para estar aqui sentada ao sol branco do início de março. Fecho os olhos, prendo o hábito debaixo de mim e recebo o calor na cara, nas mãos, nos pés. Aqueço devagar, mas aqueço ainda assim.
O corpo descontrai, encosta-se mais ao muro, parece mais pesado. Lassidão. O mosteiro preenche toda a alma e quase todo o corpo. Nesta luz quente do sol vislumbro a parte que desconheço.

Notas de viagem

You like to fly?
Oh, yes, I do... principalmente sossegadinha, a ler ou a dormir... ainda se fosses aquele italiano na cauda direita, parecido com o Gian, ou esse senhor aí do banco ao lado, que me faz lembrar o Zé Paulo ... se eu falo inglês? Não.

A whisky, please? Malte, duplo, triplo, sem gelo.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Cheiros do fim de tarde

Aspiro o ar com volúpia. Por que cheiram mais as flores no fim do dia?
Tinha uma foto linda para aqui... não sei que aconteceu no meu computador. Suponho que uma luta entre a apple e a microsoft... desgraçadas, deixaram-me sem programa de imagem.

I exist as I am, that is enough


Não suporto fronteiras quando amo, porque não amo nunca uma realidade apenas, e querer fechar-me num círculo, por amor que seja, é sufocar o que nasceu para ser livre e intenso.



Walt Whitman, Song of myself.


Não resultou!

Pensei que conseguia um compromisso comigo mesma em relação ao blogue e ao facto de estar fora e nem sempre poder escrever. Vou recolhendo os escritos, dispersos por blocos de notas, guias de viagem e bilhetes. Hão-de sair, pouco a pouco.

terça-feira, 18 de março de 2008

Lá vou eu, outra vez...

Lá vou estar sem escrever outra vez. Mas vou fazer de outra forma. Vamos ver se resulta. Até um dia destes.

Beijo

Não me interessa.
Não quero saber se é de noite, se amanheceu, se tens fome, se tenho sede.
Se parares de me beijar poderei matar-te.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Antes da chuva de hoje...

Gosto muuuiiito de flores!

sábado, 15 de março de 2008

De volta

Não pude escrever seis dias seguidos e depois... depois não me apetecia. Afinal, tanta coisa aconteceu e senti-me incapaz de passar por cima de tudo isso.

Mas já tenho saudades da escrita e dos cem postes que me passaram pela cabeça nesta semana.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Encadeia, meu encadeado...

A Emiele pediu que seguisse a cadeia: Pedem-me que diga «12 de algumas palavras que aprecio, que gosto e que uso com frequência».
Livros: mesmo que quisesse viver sem eles não podia; mas não é o caso. Faço da ficção e da poesia a minha second life. O que me leva a passar do universo escrito para o universo fílmico: gosto de cinema e de boas séries de televisão.
Campo: o meu campo, o meu quintal, o meu jardim; as rosas da minha avó, as azáleas, os amores-perfeitos, as dálias, as primaveras, as heras, o jasmim, o limonete, o poejo e a hortelã, as árvores, muitas árvores. Nestes dias de sol primaveril, os contornos tornam-se mais vivos e os cheiros mais intensos.
Casa: a minha casa, as casas da família, cada uma com os seus cheiros e as suas histórias, a casa dos amigos, as casas do trabalho, a casa de Deus. Gosto de me sentir em casa. Gosto de ouvir as histórias da minha casa, de corrê-la devagarinho para surpreender os acontecimentos de ontem ainda por aí suspensos; gosto do meu sofá, com as suas mantas e almofadas.
Comida: gosto de cozinhar quando me apetece; gosto da minha cozinha; gosto de comer pouco, gosto de comer no pátio perto do jasmim ou nas escadas ao sol; gosto do meu restaurante italiano e da companhia certa; gostava, amava, a comida da minha avó; gosto dos almoços domingueiros, dos aniversários, gosto tanto.
Museus: gosto tanto de museus, gosto de arte, de pintura sobretudo, gosto de igrejas barrocas, gosto de viajar, de cidades grandes, de praias exóticas, e da mata do Vale.
Ok, Emiele. Talvez não seja bem o que pedias, mas foi o que me apeteceu fazer. Talvez o Glau, a Niniane e a Berenice queiram corresponder e seguir a cadeia.
E se alguém me conseguir explicar por que é que o meu espaçamento não funciona, eu agradecia.

Livro negro

Havia um livro negro.

Agora também há, mas está amarrotado pelas mãos da Nikita e foi recambiado para as contas da mercearia.
Há coisas que devem ser postas no seu lugar, naturalmente.

domingo, 2 de março de 2008

Três marias



O meu céu é sempre novo: as Três Marias estão a mover-se para o meio cada vez mais depressa. A Primavera está a chegar!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

No teu colo

Hoje também fui feliz. Estado de graça... é assim que me sinto. Sei que me sai do corpo em horas seguidas de trabalho, horas solitárias, em respostas maldispostas e de mau-feitio. Mas fiz aquilo que eu mais gosto e fi-lo com proveito.

Hoje, quando pequei na Nikita e senti o cheiro doce das ameixeiras em flor, senti toda a gratidão do mundo. Fui buscar água e reguei os vasos, mudei as plantas, beijei os meus pais e fiz uma hora de ginástica. Posso descansar, por hoje.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Vida


Amá-lo ainda é um desperdício tão grande que até eu dou conta disso.
Por isso beijo-te com raiva. Porque tu és o outono e as minhas árvores estão todas em flor e cheiram a memórias de dias felizes.

A minha velhice

Pensei mesmo que estava a ficar velhotita.
Afinal é uma escherichia coli que me põe a correr para o quarto de banho. Acho que fiquei mais descansada... vou ver na net o aspecto do bicho. Aí está! Credo... que nojo.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ligações improváveis


O percurso que liga os peixes do Sermão de Santo António a Frodo Baggins é irregular e tortuoso. Mas dá tanto gozo como projectar uma ponte ou fazer programação de computadores.

Com a vantagem de poder sentir, sorrir e chorar ao mesmo tempo.


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Contraditório... mas era de esperar outra coisa?

Estive a pensar que o amor por alguém pode ser um eixo estrutural, aglutinador, e que a ausência desse princípio pode ser motivo de dispersão sem sentido. Quando amamos sabemos onde pertencemos, queremos estar onde estamos ou não queremos.
Sem esse motivo, parece que tanto faz, e voamos ao sabor da doçura das palavras, de uns olhos mais atentos e de umas mãos mais ternas.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Por hoje é isto.

Estou exausta, acho eu... na verdade nem consigo achar nada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Olá, Nikita


Que saudades do teu sorriso, princesinha, quando bates as palmas e danças!


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Picasso e Aristides


Fazes de propósito, minha querida?


Perdão nº 1, mas com prazo de validade

Querido Pê,
afinal telefonaste até me conseguires encontrar. Pelo menos salvaste as antenas. Vamos ver o que vem por aí.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A minha amiga com nome de flor

- Ciranda?
- Sim, querida?
- Estás ocupada? Podes falar comigo?
- Diz, lindinha.
- Estou grávida. Minha amiga, vais ter mais uma sobrinha.

Chamaste-me irmã e envolveste-me na tua felicidade. Vais ter um bébé, mulher!!!

Parabéns

Porque continuas a ser o melhor homem do mundo, os meus parabéns, querido mano.

Com a tasca do Zé foi o mesmo

No Fidel gosto das barbas de Matusalém.
E expliquem-me isto: vai-se o Fidel e indica o irmão para o substituir...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Coisas que gosto de roubar à Vague




Aviso nº 1

Pê,

és um idiota. E se não respondes à minha mensagem em tempo útil, juro que vou aí e te esfrangalho as antenas.
Muito tua (não sei por quanto mais tempo), Ciri.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Cary Grant


Acordei estremunhada depois de adormecer algum tempo no sofá, embrulhadinha na manta. Mesmo a tempo de rever An affair to remember (1957), com Cary Grant e Deborah Kerr.
Deitei-me apaixonada por ele.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Horizonte

Gosto deste poema, sobretudo da última estrofe. Mas leiam tudo.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Contas de mercearia

Curiosamente hoje vi o Jorge.

Era alto, moreno, sorriso fácil e simpático. Estávamos nos últimos anos do liceu e tive por ele uma violentíssima paixão. Fiz versos, sonetos. Fiz-me encontrada e desencontrada. Achei que ele me amava, porque repetira muitas vezes, quando me passou a letra, o coro final do I still loving you, dos Scorpions. Tremi quando dançámos um slow numa festa de turma, na centésima aula de Português. Chorei quando, numa carta, me disse que não tinha por mim os sentimentos que eu esperava. Foi delicado. Mas chorei, tanto...
Está gordo e careca. O tempo é o meu melhor aliado nestas vinganças de mercearia...

Vamos lá lembrar coisas

Comprei uma caixa de chocolates. Mandei fazer um embrulho vistoso, cheio de fitas e florinhas, enorme. Pedi que to entregassem e quis ser mosquito para te ter visto corar, sorrir, o que fosse. Nesse dia disseste que me ias amar para sempre, ser o meu cavaleiro andante.

Sempre detestei romances de cavalaria.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Hoje, estou feliz.







Não sei a hora, mas sei que há a hora.




"Da última nau": não bate a bota com a perdigota, eu sei, que é como quem diz não bate o primaveril das rosas com o sebastianismo da Mensagem. Mas eu hoje estou assim, feliz. Porque fui muito boa naquilo que sei fazer de melhor. Rocei as asas na porta do paraíso. Ainda sinto o fremor nas penas e o júbilo nas palavras.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mito

Há dias em que as palavras fazem mais sentido.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É o que eu me sonhei que eterno dura,
É esse que regressarei.

Mensagem, "D. Sebastião".

Niniane

Vamos viajar mais? Já tenho Mp3, já não te vou chamar mal-educada por estares com essas coisas sempre nos ouvidos e não falares comigo...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A propósito do Génesis


Vivemos longe do paraíso donde fomos expulsos. Mas estou em crer que viveríamos sempre longe, de qualquer maneira.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Lucidez


Ainda penso que um dia conseguirei ver tudo com lucidez.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

www.cochilo.eu

Amor cão… é um amor tramado.
Precioso como um osso que se esconde num buraco recém-escavado: só nosso, sempre ali, à beira do focinho.
Montar guarda ao amor como ao osso: com tempo, com atenção, com certezas.


NOTA: as camas são um espanto, acreditem que eu vi. Mas o texto que acompanha o flyer é de uma ternura que me aquece o coração. Tal como o fazem os bichinhos que eu afago: a Cocas, a Yuri, a Lubi e a Lichia. Cada um na sua cochilo.

Até a loucura tem tempo e lugar

D. Sebastião Rei de Portugal

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

(Pessoa, 20/02/1933)

Pasárgada



Vou-me embora pra Pasárgada.
Lá serei quem eu não sei.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008


Paula Moura Pinheiro é uma mulher linda e interessante e gosto muito do trabalho dela no Câmara clara, programa que passa na RTP2.
Mas, desta vez, teve em palco outra mulher cujo entusiasmo me deixou rendida: Isabel Almeida falou com paixão e com sabedoria da obra do Padre António Vieira.

Eu sou a princesa do reino da tia Ci



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Vieira

O Padre António Vieira, da Companhia de Jesus, nasceu a 6 de Fevereiro de 2008. Celebra-se o IV Centenário do seu nascimento, iniciando-se hoje, com variados eventos, o Ano Vieirino de 2008.
Gosto muito de ler os textos de Vieira, sobretudo alguns dos seus sermões. Mas não gosto de escrever sobre ele. Por isso, deixo ficar um excerto do Sermão de Quarta-Feira de Cinza, pregado em Roma, na Igreja de Santo António dos Portugueses, em 1672, glosando o versículo Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.

"Ah serpentes astutas do mundo, vivas e tão vivas! Não vos fieis da vossa vida nem da vossa viveza; não sois o que cuidais, nem o que sois; sois o que fostes e o que haveis de ser. Por mais que vos vejais agora um dragão coroado e vestido de armas douradas, com a cauda levantada e retorcida, açoutando os ventos; o peito inchado, as asas estendidas, o colo encrespado e soberbo, boca aberta, dentes agudos, língua trissulca, olhos cintilantes, garras e unhas rompentes: por mais que se veja essa dragão já tremular nas bandeiras dos Lacedemónios, já passear nos jardins das Hespérides, já guardar os tesouros de Midas: ou seja dragão volante entre os meteoros, ou dragão de estrelas entre as constelações, ou dragão de divindade afectada entre as Jerarquias: se foi vara e há-de ser vara, é vara: se foi terra e há-de ser terra, é terra: se foi nada e há-de ser nada, é nada; porque tudo o que vive neste mundo, é o que foi e o que há-de ser. Só Deus é o que é".


Lazarim

Tive um carnaval muito sossegadinho, mas quem não teve e se atreveu a sair de carro (começo a ter medo dos excessos...) enviou-me uma memória bem simpática.


Créditos: Alex.

Like the leaves

Nas minhas deambulações à procura de Ulisses:

Generations of men are like the leaves.
In winter, winds blow them down to earth,
but then, when spring season comes again,
budding wood grows more. And so with men
one generation grows, another dies away.
(Iliad 6.181-5)

Pode ser movido a álcool... eu não me importo.

A Alstrom apresentou em La Rochelle o novo comboio AGV (Automotora de Grande Velocidade), que percorre mil quilómetros em três horas, com considerável redução no consumo de energia e nas emissões de dióxido de carbono, concebido com 98% de material reciclável ou reutilizável. Para além disso, deve ser um comboio lindo e confortável.

A empresa britânica Reaction Engines apresentou o projecto de um novo avião supersónico, pronto em 2032, capaz de ligar Londres à Austrália em quatro horas, impulsionado a hidrogénio líquido, transportando trezentas pessoas.

Ok... eu espero. Entretanto continuarei a meter de vinte a vinte euros de gasolina 95 no meu Polo, à espera que de uma vez por todas revolucionem o mísero motor do meu tão necessário transporte particular.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Linhas que nos ligam




sábado, 2 de fevereiro de 2008

Espelho meu

Estava a escrever uma acta (não tenho feito outra coisa...) e disse a mim mesma: só te levantas quando acabares tudo. Passados cinco minutos passarinhava pela casa, a ver se já estava quente, se o termómetro tinha subido alguma coisa. Quando me sentei não pude de deixar de sorrir: acho que são as minhas pernas que se levantam e me levam! Problemas de concentração e de vontade.

Mas a questão não foi essa. Passei pelo espelho e vi um mocho. Com óculos eu pareço um mocho. E tenho rugas no canto dos olhos. Eu sou o mocho do meu escritório.
Acho que me vou mascarar mesmo. Uma longa cabeleira, uma mascarilha preta, um baton intenso e brilhante, botas de cano alto. Mas acabarei as actas a tempo? Mais tudo o resto que me ocupa o vidro da secretária e me aflige a alma? Com o andar da carruagem vou-me mascarar pela Páscoa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Conheço tantas

Resolvi ver os telejornais, coisa que não consegui fazer a semana inteira, ou porque estava a trabalhar ou porque estava a dormir no sofá. Mais valia ter continuado na minha santa ignorância porque, a bem dizer, eu também não queria ter assinado projectos daquilo.
Típicos anos oitenta instalados na paisagem.

Conta-me, avó!

Eu tinha os olhos a fecharem-se, mas a pequenina queria conversa, e como eu já andava curiosa e queria apontar umas coisas, fiz perguntas.
Pelos vistos, a minha casa resultou de duas casas, com um pátio no meio (imagino um daqueles pátios cheio de tojo, com rosmaninho de vez em quando, como o da casa da avó da Cunha...). De um lado, vivia a tia Ana, irmã da avó Lu, com o marido, o tio Eduardo; do outro vivia a bisavó Rosa, com a catrafada de filhos que teve, muitos emigrados no Brasil (lembro-me de a avó referir o tio António, e a tia Maria, que ficou solteira, senhora muito doente, mas que era a enfermeira da aldeia, e dava injecções... e tudo).
A memória da avó não vai mais atrás, mas ela sabe muitas coisas. Pelo menos estas ficam apontadas. A avó pode ter dito mais, mas acho que eu adormeci agarradinha a ela, cheirando a banhinho fresco.

Pontos de vista

Hoje, no messenger:

- Que vais fazer de tarde?
- Brincar ao gato e ao rato.
- ???
- Depois explico-te.

Passo à explicação: se eu era o gato, o rato escapuliu-se sem eu dar conta: se eu era o rato, então o gato anda de barriga cheia e não quer nada comigo. De qualquer das formas, foi um flop e resolvi acalmar a adrenalina numa sesta com a minha avó.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Já estou enjoada...


Perdi a conta aos triângulos. Foi para compensar do desgosto dos cogumelos na prateleira e de uma tarde de trabalho perdida.


Pensando bem

Por vezes ouço barulhos cá por casa, um livro que cai, a madeira que estala, o frigorífico que liga e desliga, um resfolhar de papel. Comecei por deixar a luz da sala acesa. Isto é casa antiga, nem consigo imaginar desde quando aqui nasceu e morreu gente.
E deixei a luz acesa, dizia eu. A geografia da casa mudou, é preciso dar tempo aos velhotes para reencontrarem os caminhos. Mas também vou começar a deixar a televisão ligada. Sempre passam melhor o tempo quando eu estiver fechada no escritório.

Cogumelos

Tenho cogumelos a nascer na minha estante, bem lá no fundinho. Porque é que estas coisas me acontecem?

Dúvida

A dúvida pode ser um laço tão forte como a certeza. Quando estamos perdidos não estamos sós.




Uma parábola de John Patrick Shanley (Pulitzer, 2005).
Encenação de Ana Luísa Guimarães.




sábado, 26 de janeiro de 2008

Expiação

O JM recomendou e eu fui ver.

A primeira parte do filme é esplendorosa, com a fotografia adequada, de uma luminosidade fora de série (a lembrar-me A minha família e outras animais , que revi há pouco tempo na RTP2). A revelação do amor deixou-me enternecida, a querer mais filme. Sabia que não podia continuar naquela perfeição, mas agora gostava de ter saído da sala depois da tragédia fingida de Lola e da teimosia da acusação da irmã de Cee. O filme perdeu ritmo. Só voltou a recuperá-lo no confronto de Briony com Robbie, o acusado, cinco anos depois da mentira. Mas já não serviu para grande coisa.
O final com o monólogo de Vanessa Redgrave lembrou-me o Titanic... e isso não foi lá muito bom. Para compensar hoje vou ao teatro.