quarta-feira, 30 de abril de 2008

Blade Runner

Não está no meu perfil, mas gosto de Ridley Scott, da saga Alien, e sobretudo de Blade Runner, que nunca vi no cinema.
E não sei quando poderei ver, porque o final cut só está disponível numa sala de Lisboa. Estou disposta a bater em quem me disser que já viu.




Já passava do meio-dia e estava quente. Peguei no meu reboludinho lindo e levei-o ao colo até ao fundo do jardim. Ouve, Jaime, ouve… Esquece um bocadinho o baloiço, os manos e as tias e escuta. Lá ao fundo, na mata. Ouves? Tenta ouvir com atenção. Consegues ouvir? Primeiro pareceu não se interessar, depois ficou sério e atento ao perceber aquele eco, quase mágico. Foi a primeira vez que o pequeno Jaime ouviu e soube que havia um velho cuco que cantava na mata do vale.


Sabias, Jaiminho, que o cuco e o teu coração têm o mesmo ritmo? Ainda sinto a cadência certa dentro de mim.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Tinhas nos olhos a paixão...

Ontem trocámos vinte emails, vinte olás, vinte beijos... e outros tantos equívocos. Já não me espanta. Não devemos dispensar o olhar nem a voz que sempre tornam mais claros os sentidos das palavras, desenhando ironias, desejos, impaciência e tédio ou simples constatação.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Último ídolo: a riqueza

Alegoria da Riqueza, Simon Vouet, 1633, Louvre.


“Sabes, ó homem, quando farás tesouro da riqueza? Quando a pise teu desprezo como terra, quando a arroje teu desinteresse como lodo, quando a olhe teu conhecimento como nada. (…) Se com as potências da tua alma te podes fazer rico de eternidade para que com tuas diligências te queres fazer dourado de instantes? Se tens em ti cabedal para comprar o Céu, para que buscas cabedal que hás de deixar na terra, arriscando-te a que te falte pela peregrinação a pátria.”

Enganos do Bosque, 1741: 88-89.


domingo, 27 de abril de 2008

Desenganos



Ilustre Peregrina, que ilustre é toda a que segue esta via pois nela perpetua a nobreza da alma que não tem fim, não desperdices tesouros, que mais que nas pérolas que derramas perdes no sofrimento que arriscas. Não há amar sem padecer. O primeiro toque que dá o amor é uma seta que atira e uma ferida que deixa, e à causa hão-de corresponder os efeitos. O amor foi favor, o sofrer é obrigação. Amor sem pena é amor de meninos que amam o seu mimo. Amor de tribulações é amor de grandes, que amam os seus trabalhos e não os seus interesses, e este é o que se chama amor.


Enganos do Bosque
, 1741: 145.






Gosto de rosas.
Gosto das minhas flores e das minhas plantas.
Gosto do meu átrio.
Gosto do sol do fim da tarde.
Gosto desta paz e desta tranquilidade.

Dia do Livro III




Às vezes até tenho jeito com os miúdos...



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Isto preocupa-me muito

Este artigo de Carlos Fiolhais deixou-me muito inquieta. Se estamos em crise, que chamaremos ao que poderá acontecer mais tarde?

http://dererummundi.blogspot.com/2008/04/separar-o-trigo-do-diesel.html

Hoje

Há trinta e quatro anos eu era muito menina. Por isso sinto mais, hoje, não a revolução que houve, mas a revolução a haver, todos os dias.

Agostinho da Silva escreveu assim:

A quem faz pão ou poema
Só se muda o jeito à mão
e não o tema.

Quem fez a revolução de Abril de 74 fará também esta, mais subtil, com menos cravos e menos armas? Já não há um lobo mau, a revolução não é tão evidente e os cordeiros do rebanho dividem-se. Onde estamos?

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Celebração

Poesia e canto de Intervenção.
Mais logo, pelas 21h. E eu vou cantar...


Hoje o Diogo falou sobre a Liberdade como valor inalienável do ser humano. E falou bem, muito bem. Mas pensei na conversa que tive ontem com um conhecido, no café: sacrificava bem a liberdade por um ordenado ao fim do mês, desempregado há já algum tempo e com filhos a estudar.
"No 25 de Abril de 74 eu era novo e envolvi-me muito. Nestes dias escuros, tudo parece tão longe."

Dia do Livro II

Comprei uma casa por causa dos livros. Eu posso ser cigana, mas eles não têm culpa disso. Levo um e outro a passear todos os dias.

Dia do Livro

O meu dia do livro está adiado para amanhã. Vou estar na feira do livro.

De qualquer forma, três livros para ler e consultar, logo que os compre :)!

Pepetela, O quase fim do mundo;
Carlos Ruiz Zafón: vi o novo livro na Fnac, mas não me lembro do título; se for tão bom como a Sombra do vento serei uma mulher feliz durante horas;
Aprender a jardinar, com a oferta de um pequeno volume "Vasos" (é uma arte...).

terça-feira, 22 de abril de 2008

Dia da Terra




La terre est bleue comme une orange ...

Paul Eluard.


Daniel Blaufuks tem um trabalho com este título, mas não encontrei imagens disponíveis. Paciência. Esta laranja veio daqui.






segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eu bem tentei ser rápida...



Quando visito as casas dos meus amigos, é frequente encontrar motivos para novas entradas no meu blogue, porque me fazem reflectir, porque tenho experiências parecidas ou diferentes, ou porque me apetece.


Hoje, esta foto do tubarãozito lembrou-me os esquilos do Laziensky Park e o meu desespero fotográfico:

Por acaso apanhei este, a tremelicar, mas também tenho fotos só com uma pata, um focinho ou uma cauda a fugir no canto direito...


Pasión, quarto tema.

Não confundas a memória com a vontade presente. A não ser que queiras começar a limpar as teias da ruína em que o teu coração inevitavelmente se transformará.




E se hoje ouvires mais alguma coisa para além de Rodrigo Leão, Dead can Dance ou Chopin, também já seria um grande avanço. Eu sei que já está a chover há dias, mas não te vais dissolver se saíres de casa.


domingo, 20 de abril de 2008

Aulas, conferência, exposição, Fnac, hipermercado, concerto

Ia escrever sobre a minha última sexta-feira mas já desisti. Foi um dia demasiado cheio e complicado e passei o fim-de-semana a recuperar. A próxima é o 25 de Abril; já estou mais descansada.

sábado, 19 de abril de 2008

Paz

O que mudaria nas vossas vidas se fosse mesmo confirmada a inevitabilidade do fim do mundo para daqui a quatro anos? pergunta o Sharkinho.

Seriam os quatro anos com menos stress da minha vida. Quase que sonho com isso. De qualquer forma sempre pode acontececer o fim do meu mundo, não é?

Ministra de todas as famílias


É linda, quanto a isso não tenho dúvida.



sexta-feira, 18 de abril de 2008

Juro

Juro que nunca mais! Nunca mais direi com ar insuportavelmente superior:
- Como disse? Faltou-lhe tinta na impressora? E a senhora, que supostamente está a fazer um trabalho sério e rigoroso, não cuida de ter um cartucho substituto à mão? Acho isso uma tremenda irresponsabilidade que, com toda a certeza, a penalizará na sua nota final.
Querida Berê, ainda bem que acordaste.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Anita e o seu aniversário

Pois, fazes quatro aninhos, pequenita! Um abraço, sem ser muito apertado, que tu escapas como uma enguia dos meus braços.

Artes da ficção

"Durante nove anos, Blimunda procurou Baltasar. Conheceu todos os caminhos do pó e da lama, a branda areia, a pedra aguda, tantas vezes a geada rangente e assassina, dois nevões de que só saiu viva porque ainda não queria morrer."
Memorial do Convento

Só uma coisa me consola, já Kant o disse há dois séculos, que a felicidade não é um ideal da razão mas sim da imaginação. Vale o mesmo para o amor de Blimunda Sete-Luas e de Baltasar Sete-Sóis, que flutua na intemporalidade da ficção, como as vontades que ergueram a passarola.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Por que é que não jogam sempre assim???

Um post sobre futebol??? Não... não sou eu, com certeza.

Mas liguei a televisão só para ver se acabavam zero a zero. Quem estava a zero era o Sporting, contra dois do Benfica. E fui ficando... com muito gosto.

Podia uma vez, pelo menos, acabar bem...

A história da minha vida é uma tragicomédia.

Não percebo bem por que é que ainda acho que podia dar uma comédia romântica.

Torres, de Babel e outras


Vencedor do World Press Cartoon: Rainer Ehrt, Brussels Tower.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Que dia!



Como é que eu consigo trabalhar num dia assim???
Com notícias assim?
Com alegrias assim?
Com desalentos assim?
Só há uma forma, no meu pátio, com a luz coada do sol ao fim da tarde, e ouvindo "o meu céu está mais azul, eu sinto...".


segunda-feira, 14 de abril de 2008

Outlook

Minuto a minuto, talvez segundos, algumas vezes.
Não faças isso, Ciranda.
A tua vontade, já devias saber isso, não move mundos nem dedos no teclado.

Cello

Cliquem, por favor, no link e experimentem. Eu arranhei o arco, parti as cordas, dei cabo do violoncelo e afastei de vez o auditório. Desejo-lhes melhor sorte e mais jeito!!!

http://philharmoniker.web-feedback.de/index.asp

E não é uma boa pergunta?


Tia, na tua televisão o Charlot dá a cores?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Youtube and MySpace

Victoria Lindsay, 16 anos, Lakeland, Florida.

Foi na quarta-feira que vi o vídeo na RTP e tenho acompanhado as notícias. Mas não consigo voltar a ver as imagens. Há um grau de brutalidade que me parece inconcebível. Podia tecer comentários emotivos e moralistas, mas acho que nem vou por aí.

De repente lembrei-me da Micas e tive medo.
Que vida para Victoria Lindsay, depois disto?

Chama-se Emília

Ontem consegui tirar a Emília de casa. Fomos passear um pouco, fazer umas compras e lanchar. Ela não queria, mas insisti.

A Emília vê novelas praticamente o dia inteiro. Acho que só não as segue de manhã. Mas, depois do almoço, tem a televisão sempre ligada. Vai passando a ferro, cuidando das coisas, mas sempre mais atenta às histórias.

Então, Emília, também há vida fora da televisão, vamos sair, vamos. Eu sei que há vida, mas não é assim, como na televisão. Aqui, nunca sei quem são os maus ou quem são os bons, que tudo se esconde, prefiro as novelas que me contam tudo.
Mas eu sei qual é a principal razão do seu gosto, porque já vi a Emília chorar com os beijos, com os amores e as ternuras dos seus favoritos. É como se aquele “amo-te” fosse para ela, como se aquele abraço lhe envolvesse o corpo, como se aqueles dramas, aquelas heroicidades, fossem dela também.

Diríamos que a Emília não tem vida e toma para ela as vidas das novelas. Mas eu já não sei.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A renúncia é impossível porque a esperança é sagrada

Foi no Origem das Espécies que tomei conhecimento da polémica com o José Eduardo Agualusa, por causa do (des)mérito literário de Agostinho Neto. E daí segui-lhe o rasto, por outros blogues e documentos.

Não me apetecia nada voltar à Sagrada Esperança e à Renúncia Impossível, textos de fundação da literatura angolana, maus alguns, muito melhores outros. Mas o problema não está aí, na sua efectiva qualidade literária ou na falta dela, nem sequer na sua afirmação ou negação por quem quer que seja, como é óbvio.

A falta de bom senso pode ser muito perigosa, além do terrível efeito pouco estético do ridículo.

Crónicas do mosteiro

Levantei-me ainda com os olhos fechados e o espírito adormecido. Segui pelo claustro. A noite nunca é completamente noite, mas não foi o branco dos lírios que me acordou de vez; foi o cheiro do jasmim, intenso, subindo pelas colunas, que me encheu o peito. Vesti a cogula e entrei no coro.
No silêncio das sombras, as velas eram cânticos acesos. Ajoelhei, recolhida nesta emoção que me atinge todos os dias. Deixarei o mosteiro no dia em que não sentir este nó na garganta ou este calor que transborda nos olhos molhados.
Levantei-me para entoar o ofício da noite e afastei o véu que discretamente me escondia, agora serena, tranquila.

Nós somos criativos!

- leste o conto?
- li.
- fizeste anotações? dá cá, deixa-me ver.
- não está inteiro, falta-lhe a protagonista.
- falta-lhe o quê???
- matei-a, era chata, faz outra... e limpa essas manchas.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Matthew McConaughey

Para além da idade, temos outras afinidades. Deixem-lhe crescer um pouco mais a barba, ponham-lhe um mico dourado no ombro direito... e... olá, Santiago, que bom ver-te!

Cape Cod



Preparando viagens e sonhando: Thousand Islands. Ou lembrando as férias no Cape Cod, ali no canto, Falmouth. Ou como eu era miúda e tola. Tenho um diário arrumado algures. Não posso tê-lo perdido...

http://www.letrasemlisboa.blogspot.com/

Curioso. Muito curioso. Por acaso, mesmo por acaso, estive no encontro de há dois anos, em Ouro Preto. Enquanto arrastava a minha Carlota Joaquina ladeira acima, ladeira abaixo.

Carlotinha, lembras-te dos últimos 15m na recepção do hotel? O momento já tem nome, revisitado, "A paixão mora ao lado".

Fragilidades

Foi daquelas coincidências em que reparamos e a que tentamos dar sentido: no mesmo dia, em conversa, no livro que agora me ocupa, numa série da televisão, se afirmou que o amor era frágil.

Demasiado frágil. Tão frágil que não entendo como tomamos opções tendo a sua fragilidade como fundamento. Nunca o amor me serviu para coisa nenhuma ou de préstimo que fosse.

Por si mesmo, o amor vale muito pouco. Mas torna-se grandioso e fonte de imensa felicidade em circunstâncias determinadas. No sábado à noite, por exemplo. Não queria estar em mais lado nenhum. Um amor tranquilo, aquele, feito de certezas, sorrisos e cumplicidade. Um projecto onde vidas distintas se encontram e se reconhecem, em plena igualdade, transparentes.
Antes que chovesse, apanhei uma braçada de lilases. Agora tenho a primavera dentro de casa.



O mundo da minha janela


quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dias de sol e de memória


Faz três anos que faleceu João Paulo II. Dia de memória.

A Nikita faz um ano de vida. Dia de sol.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Leve, leve, que a noite vai adiantada...


E eu quero ter sonhos de borboleta.

Crónicas do mosteiro

Está frio. Sentei-me nos degraus do claustro junto da fonte. Rezámos a sexta antes da refeição, ainda há pouco tempo. Na sala do capítulo a respiração prende-se, parece que gela ao sair da garganta, e na igreja os salmos e os hinos não passam da grade, tobando pelo chão empedrado. Demorei o olhar na Virgem e no Menino, mas emoreci na oração e no alento.
Gostava que hoje fosse dia de fornada de queijinhos d'ouro para a condessa, que os encomenda às dúzias. Pelo menos haveria forno aceso. Tenho pouco tempo para estar aqui sentada ao sol branco do início de março. Fecho os olhos, prendo o hábito debaixo de mim e recebo o calor na cara, nas mãos, nos pés. Aqueço devagar, mas aqueço ainda assim.
O corpo descontrai, encosta-se mais ao muro, parece mais pesado. Lassidão. O mosteiro preenche toda a alma e quase todo o corpo. Nesta luz quente do sol vislumbro a parte que desconheço.

Notas de viagem

You like to fly?
Oh, yes, I do... principalmente sossegadinha, a ler ou a dormir... ainda se fosses aquele italiano na cauda direita, parecido com o Gian, ou esse senhor aí do banco ao lado, que me faz lembrar o Zé Paulo ... se eu falo inglês? Não.

A whisky, please? Malte, duplo, triplo, sem gelo.