Há trinta e quatro anos eu era muito menina. Por isso sinto mais, hoje, não a revolução que houve, mas a revolução a haver, todos os dias.
Agostinho da Silva escreveu assim:
A quem faz pão ou poema
Só se muda o jeito à mão
e não o tema.
Quem fez a revolução de Abril de 74 fará também esta, mais subtil, com menos cravos e menos armas? Já não há um lobo mau, a revolução não é tão evidente e os cordeiros do rebanho dividem-se. Onde estamos?
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama.
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